quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

"Esta língua será da alma para a alma"


Conheci Cristina Mayrink quando fui entrevistada para o Jornal do Professor da TV Manchete, pelo trabalho que realizava no Centro de Tecnologias Educacionais da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, o projeto Uso dos Meios de Comunicação Social na Escola, em que trabalhava a leitura crítica da mídia na educação e a interatividade em propostas pedagógicas com rádio e televisão. Ela era a repórter atenta que vinha me fazer perguntas inteligentes. Eu, a educadora ávida pela transformação do mundo. Agora, mudando circunstancialmente de posições eu, entrevistadora e poeta, me defronto com a atriz que encena poesia em palco aberto pra vida, de onde vou lançando minhas perguntas.

Amélia Alves Entrevista

- Cristina, a expressividade do texto, sua velha conhecida, te leva à poesia. Por que caminhos?

- Pelo caminho da língua, que é mistério e chave. Na minha trajetória, essa abertura se deu com o jornalismo como você tão bem destacou, quando fui entrevistá-la , mas o enigma me lançou em direção aos textos dramáticos , possibilitando que o meu desejo me conduzisse a ser atriz.

- Seu projeto de vida inclui mais do que interpretar textos poéticos ou essa é a sua forma de também fazer poesia?

- Meu projeto de vida se baseia em deslocamentos,em buscas, em sempre abrir caminhos através da arte que é o que me interessa. Eu sou uma e, portanto, minha relação é com a língua em todas as suas formas de manifestação artística. Eu já atuei no teatro em textos de Nelson Rodrigues, Bertolt Brecht, Jacinto Benavente, Jean Genet; já apresentei na televisão programas onde narrei a história da arte, das religiões, já fiz novelas e, nesse momento, produzi e atuei no espetáculo Esta Língua será da alma para a alma, onde o texto é a poesia.

- Há muito que dizer por aí, a palavra dos poetas na sua boca. Quando começou isso? Que poetas te inspiraram? Quais poemas você encena e que textos te encarnam?

- De fato, fui capturada pelas vozes inquietas desses poetas maravilhosos que são Alberto Pucheu, Sérgio Nazar David, Antônio Cícero, Caio Meira e Heitor Ferraz . Anteriormente, já havia participado de algumas leituras de poesias, ma , o que me motivou a criar o espetáculo Esta língua será da alma para a alma foi o desejo que tive de ouvir, de escutar minha voz através dos arranjos das palavras instigantes criadas por eles.

- Fale um pouco de seus poetas favoritos e da opção pela poesia, em sendo hoje atriz?

- Eu me identifiquei completamente com a escrita de Alberto Pucheu, Antônio Cícero, Caio Meira, Sérgio Nazar David e Heitor Ferraz. Eles têm um estilo tão próprio e particular de construir o texto que me interessa muito, pois, é o que procuro no meu trabalho de atriz – ser uma atriz autoral, criadora e não uma repetidora de formas e efeitos. Eu sempre fui levada pela tentação da linguagem . Portanto...

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